sábado, 28 de novembro de 2009

Pendores ao bem e ao mal: Uma análise sobre a teoria Kantiana do livre-arbítrio e a moral das máximas






Em primeiro lugar para entender as teorias que envolvem Kant, seria de grande importância discorrer sobre a sua vida e de como era a sociedade em que ele vivia. Immanuel Kant nasceu em Konigsberg no ano de 1724. Em 1740 começou seu estudo em Teologia, embora tivesse grande interesse em Filosofia e Matemática as quais dedicava boa parte de seu tempo. Teve notável participação na elite local sendo tutor de jovens abastados. Em 1770 começa a lecionar na Universidade, abrangendo amplos temas que envolvem Antropologia, Filosofia e Matemática. Metódico cumpria sempre o mesmo ritual, tinha horários rigidamente inflexíveis, marcas visíveis de uma influente educação luterana recebida de sua mãe. Era protegido por Frederico II da Prússia, seu grande admirador. O sucessor de Frederico II, Frederico Guilherme II, proibiu Kant de escrever sobre Religião. Kant Morre em 1804.
Kant viveu num período de intensas mudanças políticas, religiosas e culturais, sendo que pode presenciar a mais importante mudança intelectual, o movimento Iluminista, onde teve concordâncias e discordâncias e criou até adversários intelectuais, como Rousseau. Mas, diferenças a parte, Kant teve, grosso modo, mais espaço para pensar do que seus antecessores e grandes mestres inspiradores como Descates e Platão, do qual se atribui as primeiras reflexões do idealismo, com o mito da caverna, onde o homem apenas vê um feixe de luz e vai a caminho do encontro desta. Ou então como Berkeley, que criador do Idealismo Dogmático, deu alguns subsídios necessários para a teoria Kantiana (embora o Idealismo dogmático se choque com o Transcendental de Kant). Provavelmente as maiores discordâncias entre Kant e Berkeley fossem o método, que Berkeley ainda se valia da empiria (escola a qual pertencia e foi iniciada por Hume), que é atacada ferozmente por autores como o próprio Kant, ou então o entendimento na capacidade ou não dos objetos inanimados se “comunicarem” com o sujeito.
Suas teorias foram massacradas depois de sua morte, principalmente quando da época áurea do positivismo, que se baseava no documento como verdadeiramente o único material que dispunha do fato verídico, por tanto, buscava no método empírico a forma de construir sua teoria. Um autor que promove duras críticas posteriormente é Friedrich Nietzsche, que combate às idéias desde Platão até Hegel, tendo uma visão histórica, filosófica bem diferente das de Kant. O autor mais atual que li, que se contrapõe a Kant, é o espanhol Leonardo Pólo, do qual me foi útil no entendimento de certos conceitos referentes à Teoria do Conhecimento e a Metafísica.
Atualmente este autor é retomado e tem sua importância reconhecida, principalmente por historiadores da Nova História Cultural, e alguns estudiosos das demais áreas, como a Filosofia.








CAPÍTULO I – A INERÊNCIA DO MAU PRINCÍPIO AO LADO DO BEM OU DO MAL NA NATUREZA HUMANA

No primeiro capítulo, Kant demonstra sua discordância quanto às raízes do homem, que segundo Rousseau “o homem é naturalmente bom, nasceu bom e livre, mas sua maldade ou sua deterioração adveio da sociedade” (ROSSEAU, Jean-Jacques, pág 15, 2008).

“Que o mundo é mau, essa é uma queixa tão antiga quanto à história e até mesmo mais antiga ainda que a poesia, bem mais, tão antiga quanto o mais antigo de todos os poemas, a religião dos padres. Para todos eles, contudo, o mundo começa pelo bem, pela idade do ouro, a vida no paraíso ou por uma vida mais feliz ainda, em comum com os seres celestiais. Entretanto, fazem logo desaparecer essa felicidade como um sonho; e então ocorre a queda no mal (o mal moral, com o qual o físico sempre andou junto) que a fazem precipitar-se acelerando-a, para nosso pear, de modo que agora (mas esse agora é tão antigo quanto a história) vivemos nos derradeiros tempos, porquanto o ultimo dia e o fim do mundo estão próximos. Por isso em algumas regiões do Industão o juiz e o destruidor do universo Ruttren (chamado também Siba ou Siven) é honrado como o deus que detém atualmente o poder, depois que o conservador do mundo, fatigado de suas funções, recebidas do criador do universo Brahma, as havia já anulado havia séculos”.(KANT, Immanuel, pág 27,2008)

Citando a ideia de paraíso terrestre que teria sido abalado por um mal inicial, Kant diz que o que acontece na verdade é um uso inadequado de método, este certamente empírico. Em primeiro lugar, o homem não pode ser definido como inicialmente bom, logo o estágio “mau” cairia em desuso. E segundo lugar o método empírico não formaria teoria para a origem de sua disposição natural, logo o que se tornaria o homem, enquanto ser e sociedade, se perderiam de significados. Diz que o ideal de Sêneca e Rousseau, por demais moralista, tentava incutir que o homem tinha em si o germe do bem. Mas, Kant insiste que o que deve se propor seria o caminho do meio, uma solução media. O que na verdade diz que o homem não é mau porque age de forma má, mas sim porque suas máximas são más. A empiria só serviria para comprovar os atos contrários as leis, que são atos maus certamente, mas não se pode observar as máximas nelas, nem mesmo por ser na mesma pessoa. Por isso, a empiria não pode ser usada como construtor de teoria histórica. Para esclarecer um pouco o termo natureza, podemos usar o que Kant afirma ser “o fundamento subjetivo do uso da liberdade”, o livre arbítrio, que mais adiante trataremos com mais propriedade.
Com isso, chegamos a outro termo, o pendor. O homem seria hospede de pendores naturais, que se e somente se confirmariam quando este através do livre arbítrio e o uso da liberdade, criaria uma máxima. Do contrário, sem o fundamento livre, o homem estaria à mercê de um instinto natural e nunca um pendor.
Então:
“Quando dizemos que o homem é bom por natureza ou que é mau por natureza, isso significa somente que possui nele um princípio primeiro que lhe admite conceber boas ou más máximas (isto é, contrárias à lei)”.(KANT, Immanuel, pág. 30, 2008).

Este uso do livre arbítrio, uma característica movida através do âmbito racional, lhe é inato, e o diferencia dos outros animais. A falta não é causada pela natureza, se for mau, nem o mérito se for bom, sendo o homem o único autor de suas próprias linhas.
A partir disso, aparece outro questionamento, se o homem é bom ou mau moralmente em sua natureza (essência). Uma das repostas que me parece mais viável é o que Kant disse ser, nenhuma das coisas e as das coisas ao mesmo tempo. Mas, como assim? Se há ambigüidades, logo não há máximas!
Evidentemente uma cisma aparece em cima desta pergunta, já que se não se tem uma máxima o próprio método empírico pode voltar a tona como fator de definir a natureza humana e suas implicações ao longo das sociedades. Mas o livre arbítrio também tem sua natureza peculiar, logo não pode cair no determinismo rigorista , a menos que o homem a tenha admitido em sua máxima.
Mas a lei moral deve ser por si só motivo para seu cumprimento, não seria? Porque se a lei não determina por si mesma o respeito ao ato que a pessoa tem, é necessário que o motivo contrário tenha influências do livre-arbítrio; sendo que neste caso o homem também tem de admitir sua máxima. Ora, então o homem não é moralmente bom ou mau, porque qualquer uma de suas escolhas está subjugada a escolha da máxima. E a intenção, o que cabe ao subjetivo, é o primeiro passo a admissão das máximas, sendo o uso geral da liberdade. Neste momento, segundo Kant:

“Tenhamos o direito de entender por homem, do qual dizemos que é por natureza bom ou mau, não um individuo em particular (pois então poderia ser considerado como bom por natureza e outro como mau), mas na realidade toda espécie, é o que não poderá ser demonstrado senão mais tarde, quando a pesquisa antropológica tiver feito ver que as razões que nos autorizam a atribuir a um homem um dos caracteres como inato, forem tais que não haja lugar para excetuar um só homem e que o que valer para ele valha para toda espécie”.(KANT, Immanuel, pág 34, 2008).


CAPÍTULO II - DISPOSIÇÂO NATURAL PARA O BEM NA NATUREZA HUMANA

De maneira bem sintética, o homem se enquadraria em três variantes gerais: A disposição do homem, enquanto ser vivo a animalidade; Sua disposição à humanidade, enquanto ser vivo e racional; sua disposição à personalidade, enquanto ser racional apto à responsabilidade.
Em primeiro lugar, o homem animalesco, tem o amor de si fisco e mecânico, não necessitando d a razão. Ela é tripla: conservar a si; a espécie, através do ato sexual típico do espírito da animalidade; associação a outros homens, embora o homem tenda a se associar, fica divagando e contradizendo-se sobre o pendor de associar-se e de isolar-se de todos (tendência subjetivista). Os possíveis vícios animalescos são a intemperança, lascividade e anarquia.
Em um segundo momento a humanidade atinge um amor de si ligado a uma certa razão ou ação racional, que é feita por modo comparativo. Desse amor provém a inclinação de conferir-se um certo valor de juízo a outrem. Surgem vícios como a inveja, rivalidade, ingratidão, que por muitas vezes tem a mera finalidade de superar o próximo.
Por fim, a disposição à personalidade, aptidão de seguir a lei moral, que não é disposição natural, mas sim arbítrio que nos leve a uso da liberdade. Embora o homem use a razão em sua plenitude apenas neste estágio, as duas anteriores não o podem ser abandonadas, sendo que resultaria no fim do próprio ser, é sua essência.

CAPÍTULO III – PENDOR PARA O MAL NA NATUREZA HUMANA

Também este preceito se define por três aspectos básicos, embora antes seja adequado fazer algumas ressalvas. O pendor é um desejo, uma vontade; o mal que trataremos não é o mal moral, já que o arbítrio não pode ser julgado, sendo que está em suas máximas, deve ter a possibilidade de se afastar das máximas da lei moral. A aptidão ou inaptidão ao arbítrio, proveniente do pendor natural, é designado de boa ou má vontade.
A primeira máxima adotada é a da fragilidade da natureza humana é expressa até mesmo na queixa de um apostolo.
Em segundo lugar, a impureza do coração (impuritas improbitas) consiste, segundo o objeto, é sem duvida boa, se levarmos em conta a sua máxima. Neste caso, as ações ganham intencionalidade e não o dever pelo dever, o que é mau, ou seja, representa a má vontade.
Em terceiro lugar, maldade (vitiosas, pravitas) ou corrupção (corruptio) do coração humano, cria “falsas” máximas, de acordo com o que fogem da Lei moral.
Não há diferença entre um homem de bons costumes e de boa moral. Mas seria o homem mau por natureza?


CAPÍTULO IV – O HOMEM É MAU POR NATUREZA

O homem é mau. Sim, mas porque usamos esta expressão que por vezes parece-nos algo inato a sua essência humana?
Segundo Kant, o homem é mau quando tendo consciência da lei moral e, contudo, admite em sua máxima, ainda assim afasta-se dela. Isso em caso de espécie, mas à medida que conhecemos o homem podemos supor este pendor, através desta idéia da contravenção da máxima. Podemos tentar supor alguma teoria, através de suas proposições: o homem bárbaro e o homem civilizado.
O homem bárbaro, através de alguns casos como os sangrentos casos de Tofoa, da Nova Zelândia, das Ilhas dos Navegadores , seria um homem desprovido de idéia de civilização e então não seria capaz de resolver nada por meios pacíficos e benéficos a outrem. Seriam enormes os vícios da barbárie.
Mas, se colocássemos o conceito de Estado civilizado em jogo, se acreditássemos que a civilização é o melhor método de se viver. Muito certo, mas o que poderia se dizer quando povos civilizados se encontram e frente àquele processo referido anteriormente, o da disposição à humanidade, o que provoca cobiça/inveja em comparação, colocasse em estado de verdadeira selvageria ambos, lutando por qualquer que seja o motivo, de forma carnificina. Será mesmo que a cultura e a civilização são os definidores da razão humana? Seriam apenas eles suficientes?
Aqui entramos na questão dos quiliasmos. O quiliasmo filosófico que almeja um estado de paz perpétua e o quiliasmo teológico que espera a realização do melhoramento moral de todo gênero humano. Seriam estes também possíveis?
Isso não tem como definir ou saber a resposta por hora, mas retornando a nosso assunto de foco, qualquer homem, até mesmo o mais “mau” de todos, quaisquer que seja as suas máximas, nunca renuncia a lei moral, já que para agir de forma rebelde há que se considerar ao menos esta mesma máxima, como ser a ser corrompido. Ora, então até mesmo sendo mau o homem leva a sério à máxima, tornando-se isento deste signo mau. Então não pode ser nenhum homem sequer mau? Evidentemente se um homem levar em conta somente seu arbítrio, em sua máxima, sem referencia a lei moral, seria moralmente mau.
Neste estudo preliminar estamos tentando definir quando o homem é mau e quando é bom, mas poderíamos contrapor um ao outro e perceber suas diferenças? Não. Na verdade apenas a subordinação (sua forma) define, ou seja, o homem só é bom ou mau em contraposição ao outro, estabelecendo condições a outrem. O homem só é mau se inverter a ordem moral dos motivos de suas ações. Neste caso, o caráter empírico é relevante, mas o caráter inteligível permanece sempre mau. O mau deve ser procurado no livre-arbítrio e que em decorrência imputável, é moralmente mau. Daí a razão, que pode agir como controladora das ações, impedindo o homem de agir mal moralmente e lhe dando a liberdade, embora pareça contraditório.




CAPÍTULO V – A ORIGEM DO MAL NA NATUREZA HUMANA

Origem é aquilo tudo que é primeiro, ou seja, aquilo que e de onde surge, não sendo efeito de nada. Existem dois tipos de origem: temporal e racional. A primeira origem, a temporal está leva em conta o evento e coloca este situado no tempo, enquanto que a segunda apenas o analisa como evento. Para nós que queremos entender o efeito nas leis da liberdade do mal moral, a origem racional é mais adequada. De todas as maneiras de dizer de onde vem o mal original, a pior de todas é a que imputa ao homem o mau passado pelos nossos primeiros ancestrais por hereditariedade. O que erramos é o método, já que se procuram o mau, não os pendores (intenções). O que se imagina é que o homem saiu do estado de inocência para o estado de ser mau. Isto pertence já a origem temporal, onde o pecado original que nos traz maus para o mundo. Isso nos leva a crer, que a natureza má seja nos algo inato, que esteja fixado em nossa essência natural, mas nunca se consideram os pendores. Agora para entender o local de origem, deve ser voltar a um passado histórico muito anterior ao uso da razão, e o homem teria ganhado na origem juntamente com a razão o pendor ao mau...
Quanto à origem desse desacordo no nosso arbítrio, permanece para nós insondável, já que isso acarretaria uma adoção de uma máxima má, o que obviamente, provocaria um mal moral (o que é mal moral nunca está de acordo com as máximas, e sim com o arbítrio). Então nossa disposição natural é para o bem, sendo papel do próprio homem corromper este bem. Então, o mal para nós em termos gerais ainda é desconhecido em sua origem (e em muitas vezes em sua essência), mas o homem tem sido presa deste mal, unicamente por sedução (pendor). Não é corrompido na sua essência, mas sim após isso, após seu fundamento. Kant diz que “Assim no homem que, apesar da corrupção de seu coração guarda ainda boa vontade, permanece a esperança de um retorno ao bem, do qual se afastou”.(KANT, Imannuel. Pág 55, 2008).


Conclusões gerais

Em primeiro lugar, ler Kant é mergulhar em um universo abstrato da alma humana, sem ser redundante obviamente.
É interessante notar como Kant em suas obras retrata, as indagações humanas sobre a estética, sobre a “religião”, sobre a política, sobre a metafísica e a História. Em meu caso, quis observar a partir de um recorte do seu livro A Religião nos limites da simples Razão, talvez uma das várias reflexões humanas a que tange as origens, mais especificamente as origens do bem e do mal e seu evidente relacionamento com as religiões. Faço usando me deste recorte já muito trabalhado no meio acadêmico, uma análise de suas teorias, que estão inseridas dentro desta temática, mas que são visíveis aos iniciados em Kant. Se método contrário ao empírico também ganha importância na contraposição aos positivistas.
Mas, centro meu trabalho em torno da questão dos pendores. Nesta faço percebemos as grandes discussões teóricas entre Rousseau e Kant, que digladiam quanto à questão do homem e sua natureza boa ou má.
Por fim, gostaria de parabenizar a todos que resolveram fazer o trabalho de Grau 2 sobre Kant e lembrar o quanto é interessante fazer as contraposições históricas e teóricas entre os casos anteriormente citados, por exemplo, e evidentemente, realizar um estudo dos “mestres” em que Kant bebeu, embora alguns destes fossem de correntes de pensamento contrárias ao Idealismo alemão, como Berkeley, Hume, Descatés (empiristas).







REFERÊNCIAS GERAIS:


DOSSE, François. A História. Tradução Maria Elena Ortiz Assumpção, Bauru, São Paulo. EDUSC, 2003.
GARDNER, Patrick. Teorias da História, 4 edição, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1995.
Grécia Terra dos deuses, Os grandes Filósofos, edição n2, editora escala, São Paulo 2004.
KANT, Immanuel. A Religião nos Limites da Simples Razão. Editora Escala, São Paulo, 2008.
PLATÃO, Coleção os pensadores. Editora Nova Cultural, São Paulo, 2000.
PÓLO, Leonardo. A crítica Kantiana do Conhecimento. Editora Escala, São Paulo, 2007.

domingo, 18 de outubro de 2009

Entrevista com Leach: Aprofundamento na aula de cultura II







Para quem quer aprofundar seus conhecimentos nas teorias de Leach, após a aula de Cultura II com o professor Manoel, aqui vai a dica de uma entrevista com o nosso teorico do momento, que aborda as questões antropologicas sobre as mudanças politicas na Birmania, entre outros assuntos referentes aos cenários mundiais.

Para assistir:http://www.youtube.com/watch?v=fyIq8mfdMB0

Projeto Antropológico

Faço aqui um espaço para divulgar o meu ultimo poster sobre minha pesquisa de antropologia social/alimentar
Para ter acesso ao poster apresentado no V SEFIC do UNILASALLE, clique abaixo:

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Paulino Azurenha, voce sabe quem ele foi?








Muitas pessoas pegam um onibus, moram na rua, ou já passaram por algum lugar que faça menção a este nome...
Mas, quem é este homem?
Nesta primeira aproximação vou sair pelas redondezas da rua, pontos de onibus por onde ele passa e vou perguntar aos usuarios e moradores está mesma pergunta.
Paulino Azurenha, voce sabe quem ele foi?
Através de dados estatisticos tentarei fazer uma analise em pró da memória dos grandes personagens gauchos e o primeiro que escolhi foi o que eu sempre "pego", e onde moro, na Paulino Azurenha.
Aqui trago a obra de sua vida, que foi feita em conjunto com, Mário Totta e Sousa Lobo, dois outros genios gauchos.
José Paulino de Azurenha (Porto Alegre, 1860 — Porto Alegre, 1° de julho de 1909) foi um jornalista e escritor gaucho e brasileiro. Além disso, foi membro da Academia de Rio Grandense de Letras. Por prazer e por uma dívida com a memoria local, tenho por missão buscar mais informações referentes a vida e obra deste ícone das letras gauchas.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Exemplo a seguir?



Após 160 anos da morte do grandiosíssimo poeta Edgar Allan Poe, ele teve um enterro digno de sua majestosa importancia para a humanidade. De uma literatura cruenta, obscura e muitas vezes até assustadora, serviu de inspiração a poetas brasileiros como Augusto dos Anjos, que desenvolvia uma tematica de "carnes putrefatas"
e os escritores do mal-do-século, Alvares de Azevedo, Fagundes Varela...
Sua principal obra "O corvo", ficou imortalizado com sua frase proferida por um corvo preto "Nunca Mais". Até os simpsons o retrataram, tamnha é sua importancia para os americanos na epoca anterior a Guerra de secessão e para o mundo como um todo hoje. "O funeral é, sem dúvida a coroação dos eventos em homenagem ao aniversário de 200 anos de nascimento de Poe. Junto com Baltimore - onde passou alguns dos seus magros anos, em meados da década de 1830 - Poe viveu ou tem fortes ligações com Boston, Nova York, Filadélfia e Richmond."(Site da ABril)





Isso pode servir para redimir o que ocorreu quando Allan Poe morreu, em 1849, seu enterro passou despercebido e apenas sete pessoas foram nele.
Neste domingo dia 11 de outubro de 2009 inclusive réplicas de Alfred Hitchcock, H.P. Lovecraft e Arthur Conan Doyle participaram do evento. Esperamos que nossos genios, também ganhem esta valorização e que outros grandes homens nao precisem esperar tanto para ter seu descanso merecido.
Vivas ao Nosso amigo Poe! (Sou seu leitor assíduo)

sábado, 10 de outubro de 2009

Cine fórum

Pela primeira vez indico filmes em meu blog. São apenas pequenos apontamentos sobre estes que venho trazer, não querendo aprofundar muito, apenas indicar e promover uma reflexão.E são filmes que giram em torno de uma temática bem parecida, embora com métodos de mostragem bem diversos.São eles O curioso caso de Benjamin Button - David Fincher; Marley e Eu, a vida ao lado do pior cão do Mundo - John Grogan e Antes de Partir -Todos eles se debruçam em cima do Tempo e de como este age em nossas Mentalidades, Maneiras de ser no mundo,de agir...e de se ver e ser visto.
Outra questão bem interessante, que é embebida do Tempo é o envelhecimento, do qual quase todos personagens destes filmes, seja ele John Grogan e Marley, Benjamin (que rejuvenesce) e Deise, ou Carter e Eduard, todos passam por mudanças e tem que se adaptar a elas.

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON



A rede de acontecimentos que desencadeiam em algo...."A vida uma série de eventos interligados" Todos esses eventos e a grande e curiosa diferença de Benjamin inspiram
a reflexão. Pensar na questão tão abordada por Sêneca sobre o tempo e sua fugacidade.
"Pena que tudo é finito". Ao nascer idoso e ir rejuvenescendo Benjamin mostra uma nova maneira de encarar a vida, morte e o envelhecimento, todas essas fases da vida que são alvo de inúmeras considerações e questionamentos. O tempo talvez seja o motor dessas fases, mas a maneira de ve-lo são das mais diversas...A cena do beija flor estabelece um link com o passado, e mostra que a morte pode ser um recomeço.
Traz uma perspectiva bem diferente do Viver, envelhecer e morrer, bem como da fugacidade do tempo.


MARLEY E EU: A VIDA AO LADO DO PIOR CAO DO MUNDO




Fala um de um cão que mesmo sendo ultra desobediente, trouxe o mais valioso da vida
para esta familia em nascimento, que foi a união e o verdadeiro conceito de amor.
O tempo chega a todos, e Marley morre mostrando que o bom da vida está nas coisas mais simples. Ao ler o Livro e ver o filme, percebi o quanto esta visão do envelhecer em si e sua mulher e em Marley estava presa em Grogan, que percebe primeiro em Marley um processo que ele alguns anos mais tarde também passará.


ANTES DE PARTIR


Fala do encontro de dois estranhos Carter (Morgan Freeman) e Eduard (Jack Nicholson), que com trajetórias diferentes acabam no mesmo barco, o cancer terminal. No Hospital acabam por ter uma amizade sem igual, que os leva a questionar os sentidos da vida. Através de um projeto em comum, fazem de seus ultimos momentos algo que talvez jamais tivessem feito, viver a vida. Realizam sonhos e vencem antigos medos, aproveitando sem saber se haveria um amanhã...
Carter abandonara sua vida em pró da familia, Eduard em pró do trabalho...
Caminhos diferentes, percepções diferentes do modo de construir o processo de envelhecer.

domingo, 27 de setembro de 2009

Sagrado e profano:As grandes questões envolventes dos dois modos de ser por Mircea Elíade




Introdução

O que realmente define o que é sagrado ou o que é profano? Ou ainda, quem é que define o que é sagrado? Segundo Mircea Elíade, autor do texto que usamos neste pequeno, “o sagrado manifesta se sempre como uma realidade inteiramente diferente das realidades ‘naturais’”. Ora, neste caso podíamos até tentar entrar na questão de diferenciar o que é natural do que é cultural, mas essa discussão será feita posteriormente. O homem então considera tudo que foge de seu alcance de compreensão cognitiva como sagrado, mas talvez a melhor, senão a mais segura resposta seria dizer que o sagrado é tudo aquilo que se opõe ao profano. Mas brotaria desta mais duas questões totalmente relevantes:
O que é profano? E, o quanto de sagrado há no profano e o quanto de profano há no sagrado? O certo que este somente se torna compreensível ao homem quando este se manifesta.

Manifestação do sagrado: Dois modos de ser no mundo

Quando observamos a história à manifestação do sagrado torna-se algo quase que tão presente como algum grande evento político. No momento em que se funde o ferro e que este novo material traz modificações no modo de vida, surgem novas maneiras de lidar com a agricultura, e consequentemente revoluciona as indumentárias bélicas. Esta nova tecnologia ganha também seu caráter simbólico. Outro exemplo seria o meteorito que caiu do céu e depois veio a ser a famosa "pedra negra", que hoje fica na Caaba, em Meca, cidade sagrada para os islamitas. Mas, se cair um meteoro hoje provavelmente não haja motivos para tal adoração e sim para medo. Quais as relações que estes objetos tem e porque eles têm valor sagrado? Novamente podemos falar que o sagrado é algo que transcende, mas principalmente algo que perde seu significado profano, em outras palavras se sacraliza:

“A pedra sagrada, a arvore sagrada, não são adoradas como pedra ou como arvore, mas justamente porque são hierofanias, porque ‘revelam’ algo que já não é nem pedra, nem arvore, mas sagrado, o ganz andere”
(ELÌADE, Mircea. Pág 13, 1956)

Então a partir disso percebemos que então existem dois modos de ser no mundo, e estes não são apenas objetos de estudo, mas apropriadamente o lugar que tal objeto de coloca no cosmos, qual a posição que o significado se encaixa. Buscando novamente em sociedades tradicionais como os mesopotâmicos, percebemos que sempre o sagrado esteve ligado com o lado religioso. A partir deste espaço define e retira-se o profano, deixando as margens do sagrado. Como Elíade, também não quero entrar nos méritos da questão, mas apenas ressaltar que os simbolismos mudam, de forma que estes tenham significações relevante a esta ou aquela sociedade, como a pedra negra, a cruz cristã, entre outros tantos objetos que ganharam sentido sacro:

“os simbolismos e os cultos da terra mãe, da fecundidade humana e agrária, da sacralidade da mulher etc. não puderam desenvolver se e constituir um sistema religioso amplamente articulado senão pela descoberta da agricultura. É igualmente evidente que uma sociedade pré-agricola, especializada na caça, não podia sentir da mesma maneira, nem com a mesma intensidade.” (ELÍADE, Mircea. Pág 16, 1956)


Esta afirmativa nos leva a crer que os dois modos de “ver” definem os modos de ser no mundo, já que se o modo de ver a terra mãe por sociedades não agrícolas pode não ser profana por total, ou ao menos não é sagrada, por ser desprovida de uma significação transcendente/importância vital. A partir das vivencias, das “situações exitenciais”, define-se o homo religiosus.
A partir do homo religiosus percebemos paralelamente a negação deste caráter sagrado e as permanências de certo tabus e supertições. O homem moderno ou areligioso nega o que transcende, nega a deus, como diria Nietzsche, “Deus morreu”. O homem profano nasce do fim desta roupagem sacra. Mas, por outro lado como já dizia, este homem moderno apenas se “esvazia dos significados religiosos”, embora algumas coisas se mantenham, como festas de fim de ano, batizados, aniversários, ou eventos mais simplórios como orientação da cama dentro do quarto, ou o hábito de agradecer o alimento de cada dia, que não deixam de ter um sentido propriamente diferenciado. Muitas vezes não são tanto as permanências, mas sim as retomadas de certas práticas como o movimento nudista (sonho paradisíaco), ou então adoração das arvores, das águas, que passa por um processo de esgotamento.
Por fim, Mircea passa a idéia que o sagrado é aquilo que provido de significação simbólica traz para o sujeito um tom de sacralidade. Além disso, esta significação simbólica sempre tem um objetivo claro, uma finalidade, embora muitas vezes não possa ser palpável. De certa maneira, uma frase que proferi em sala de aula ainda me tem sentido,
“É sagrado porque foi útil, foi útil porque é sagrado”, já que muitas vezes é sagrado o que teve uma utilidade prática. E por sua vez tem utilidade o que é sacro para unificar e criar uma certa identidade, algo que entrelace a comunidade de uma certa esfera. Mas, daí iríamos para outros questionamentos que por hora não nos cabe aqui ampliar.