domingo, 25 de janeiro de 2009

DANIEL SENISE E SUAS IMPRESSÕES



Para começar devo me justificar porque estou novamente falando sobre arte, museus, exposições e não de História própriamente dita. Mas, na verdade, isso reflete do meu trabalho de orientador de visitas em um Museu de Arte, onde tenho muito contato com a arte nacional e internacional em geral, de esculturas à pinturas. Aqui, vim relatar mais uma exposição em que trabalhei, a primeira exposição de Daniel Senise no MARGS, individualmente, sendo que em 1998, ele já havia demonstrado algumas obras. Daniel, artista carioca (1955-), é formado em engenharia civil na UFRJ, e participou do movimento nos anos 80 no Brasil o "Como vai você, Geração 80?",realizado no Parque Lage (RJ), que foi um movimento contestatório da arte nacional, sendo realizado em 1984, ou seja, em meio ao fim da ditadura. Em 1985, participa da 18° Bienal de São Paulo, onde alcança reconhecimento nacional. As obras de Senise são uma grande mescla de História da Arte e da sociedade em si. Voltando a essa exposição, podemos falar da técnica de Senise, que desperta curiosidade e encanto, em pessoas das mais diferentes idades ou gostos. A exposição contava com 17 telas sendo duas trabalhadas em alumínio e o restante em impressões na madeira, e nas palavras do próprio Senise, "Eu queria dar uma relevância de objeto àquela matéria. Foi quando comecei a imprimir a tela". Então, Daniel formava suas próprias obras, fazendo as superfícies e após, estendia a tela sobre elas e deixava o oléo descobrir suas formas e vazios, como em um "sudário". Além das preocupações com as sensações de espaço, ele se preocupava com as de tempo, já que deixava os pregos demonstrarem suas marcas de ferrugem e o desgaste cruel do tempo. Essa técnica ainda contava com a colagem e dava a total sensação de uma realidade paralela. Mesmo que a obra se comunique com Daniel, ele deixa bem claro que ele é o maestro deste processo, sendo todos os cortes e colagens feitos à mão.



Mas,se essa exposição causou encanto e curiosidade,também causou acalorados debates entre estudantes e críticos de arte, entre os que defendem ou não a arte contemporânea. Porém, o mais interessante foi a impressão que os jovens visitantes, de idades entre 4 e 7 anos apresentaram. A realidade dessas obras era tamanha que as crianças não sabiam o que era museu, o que era a arte, tornando os dois algo uno. Na obra Aurora Borealis, até adultos temiam se machucar na obra.



Uma obra que causou muito encanto foi a "Vai que nós levamos as partes que te faltam", uma das preferidas nesta mostra, até porque causava uma enorme aproximação entre artista e público sendo que retrata o parquê do apartamento do artista. Agora, uma coisa é certa, quem embarcar no universo de impressões de Senise, nunca mais esquece, seja homem, seja mulher, adulto ou criança, o encanto e admiração é igual, por esse mar de sensações humanas. Karin Lambrecht, que participou do movimento "Como vai você, Geração 80?", também estava em exposição no MARGS, demonstrando um pouco da arte oitentista brasileira.

Um comentário:

  1. Eu fui a esta exposição e posso dizer que as obras de Senise são de estilo bem contemporâneo. Eu não sou muito fã de arte contemporânea, mas gostei do que ele quis retratar e mostrar. Aliás, eu jurei que as obras eram feitas de madeira, quando eram tecido na verdade. =)

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