Venho aqui novamente após uma leitura. Mas, isso não apresenta a menor novidade. O que é realmente novo foi o como este livro me tocou na questão principal de que trata, o que nem sempre ocorre (visto o caso de O Nascimento da tragédia - Nietzsche), a música.
Neste caso em específico a música em geral, desde seus aspectos mais íntimos até as discussões das teorias musicais.
Diderot, conhecido enciclopedista, cria um diálogo filosófico sobre inúmeros assuntos, dentre eles música, arte em geral, educação e moral com o sobrinho de um dos maiores compositores de sua época, Jean Phillipe Rameau. Os iluministas mantinham uma enormidade de rivalidades com outros pensadores, inclusive compositores e musicos.
O contexto musical desta época estava em crescente ebulição, devido a inserção dos musicistas italianos. Obviamente que um dos que menos se agradava desta situação era Rameau.
Como os enciclopedistas anseavam por mudanças inclusive na área musical, viam com bons olhos estas novas tendências. No diálogo o sobrinho de Rameau, um vagabundo que não possuía nem ao menos um local fixo para morar, mas que entendia muito de arte e música, acaba expressando algumas opiniões agressivas ao seu tio, o Grande Rameau, provavelmente fosse este o interesse de Diderot em sua obra.
Alguns trechos me impressionaram, inclusive a maioria não tem relação com o foco principal do livro, começando a discutir mais diretamente sobre música, somente na página 78 (Editora Escala - Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal, 2006), apesar que na página 46 Rameau reclamou a Diderot, querendo conversar apenas sobre música.
LEGENDA = EU = DIDEROT ; ELE = SOBRINHO RAMEAU
Pág 42:
EU - Idiotismos.
ELE - Exatamente. Pois bem, cada posição social tem suas exceções à consciência geral do bom grado as designaria de idiotismos do ofício.(...)
EU - À força dos idiotismos.
ELE - (...) Idiotismos existem em quase todas as posições sociais, pois são comuns a todos os países, a todos os tempos, assim como há tolices comuns. Um idiotismo comum é o de se proporcionar a si mais práticas do que realmente se pode exercer, uma tolice comum é a de acreditar que o mais hábil é aquele que mais práticas possui.
Pág 46
ELE - Escute, viva a Filosofia, viva a sabedoria de Salomão: beber bons vinhos, saborear pratos delicados, rolar sobre belas mulheres, repousar em camas macias. Excetuando isto, o resto é vaidade.
EU - Como? E defender a pátria?
ELE - Vaidade. Não há mais pátria. De um pólo ao outro só vejo tiranos e escravos.
EU - Servir aos amigos?
ELE - Vaidade. Será que temos amigos? Se os tivéssemos, deveríamos torná-los ingratos? Observe bem e verá que é quase sempre isso que se recolhe por serviços prestados.
EU - Ter uma posição na sociedade e cumprir deveres?
ELE - Vaidade. Que importa ter ou não uma posição, contanto que se seja rico, pois só se consegue uma posição para tornar-se rico.
Agora deixo a provocação a leitura. Bom proveito!